Origem pós Crise nas Infinitas Terras

 

Mulher Maravilha - Deuses e Mortais - História Pós Crise (originalmente publicada em fev/1987)

No ano 30.000 A.C., um homem das cavernas violento - que havia sido rejeitado pela própria tribo por perder a mão esquerda ao confrontar um tigre dentes de sabre - assassinou, num acesso de raiva, a companheira grávida. As almas da mulher e da filha por nascer foram então levadas por Gaia, a deusa da Terra, para a Caverna das Almas, que fica nas profundezas do Hades, o reino dos mortos dos antigos gregos. Ao longo dos milênios seguintes, Gaia levou as almas de outras mulheres que morreram prematuramente.

Em 1.200 A.C., a deusa Ártemis, da caça, propôs aos deuses do Olimpo que fosse criada uma nova raça de seres humanos mortais, só de mulheres: uma relação de igualdade. A proposta de Ártemis enfrentou oposição veemente de Ares, o autointitulado deus da guerra. Ele buscava, pela força, reduzir a humanidade à submissão total e também pretendia, em última instância dominar o próprio Olimpo.

Resoluta, Ártemis juntou-se a outras deusas - Atena, da sabedoria, Afrodite, do amor, Deméter, da fertilidade, e Héstia, do coração - para, guiadas por Hermes, o mensageiro dos deuses, chegarem ao próprio Hades. Lá seguiram à Caverna das Almas, onde fizeram as milhares de almas femininas mortas ali reunidas reencarnarem na Terra como mulheres adultas. A primeira mulher assim renascida ficou conhecida como Hipólita e Ártemis a nomeou como rainha da nova raça. Ártemis também decretou que Antíope, irmã de Hipólita, regesse ao lado dela, e que ambas usassem constantemente os cintos de Gaia para simbolizar a confiança que desfrutavam das deusas. Ártemis chamou a nova raça de mulheres de amazonas.

As amazonas fundaram uma cidade-estado chamada Themyscira, onde reinavam a compaixão e a justiça. Mas os governantes da Grécia antiga, homens, sentiam uma inveja cada vez maior das amazonas e, espalhando falsos relatos de crimes e atrocidades cometidos por elas, fizeram-nas ser tidas como perigosas e renegadas.

Ares, por sua vez, viu nas amazonas um obstáculo para sua busca de poder absoluto, em andou provocar o semideus Héracles com intrigas de que Hipólita estaria manchando a reputação dele. Enfurecido, Héracles partiu para Themyscira levando guerreiros para derrotar Hipólita e suas amazonas. Hipólita, porém, derrotou Héracles num duelo onde os dois guerreiros mediram forças.

Héracles passou a professar respeito e amizade pelas amazonas e sugeriu que, para celebrar a paz fosse promovido um encontro comemorativo de seus guerreiros com as amazonas. Mas, no evento Héracles e seus homens, aproveitando que as amazonas baixaram a guarda, atacaram-nas traiçoeiramente. Eles conseguiram dominar e escravizar as amazonas; Hipólita foi posta em correntes e Héracles partiu, levando como troféu o cinto de Gaia.

Hipólita rezou às deusas pedindo perdão. Atena lhe apareceu, dizendo que ela ficaria livre se voltasse a se dedicar a seus próprios ideais. Hipólita escapou da cela, soltou as demais amazonas e as liderou num combate que derrotou seus captores. Antíope, ao contrário de Hipólita, sentia prazer ao matar os inimigos. Em decorrência disso, as amazonas se dividiram em dois grupos após o fim da batalha: o liderado por Hipólita (a quem Antíope dera o cinto de Gaia) e o chefiado por Antíope, que renunciou aos deuses olímpicos.

As deusas decretaram que Hipólita e suas amazonas fizessem penitência por terem falhado na tentativa de levar a humanidade a estabelecer novos padrões de justiça e igualdade. Assim, as deusas enviaram as amazonas de Hipólita a uma ilha distante, sob a qual se ocultava uma fonte de grande mal. Enquanto as amazonas prestassem o serviço de impedir que esse mal ameaçasse a humanidade, seriam imortais.

As amazonas de Hipólita fundaram a nova cidade-estado na Ilha Paraíso e, ao longo dos séculos, reafirmaram seu senso de propósito e sua autodisciplina. Pelos anos, muitas amazonas foram mortas ao levar a cabo a árdua tarefa de manter confinado o grande mal sob a terra. Durante esse período, as amazonas da Ilha Paraíso não tinham nenhum contato com o mundo exterior.

Hipólita era a única das amazonas que estava grávida quando fora morta na encarnação anterior e a alma de sua filha vindoura seguia confinada na Caverna das Almas. Em tempos recentes, Hipólita, seguindo instruções de Ártemis, esculpiu a imagem de um bebê usando barro da Ilha Paraíso. As cinco deusas que eram as padroeiras da amazonas, e mais Hermes, dotaram a alma ainda não nascida de vários dons, inclusive força e velocidade sobre-humanas e o poder de voar. A alma penetrou então na imagem de barro, que veio à vida como um bebê de carne e osso. A criança foi batizada de Diana, homenageando uma guerreira histórica que havia dado a vida para salvar a raça das amazonas.

A filha de Hipólita cresceu e, na mesma época em que ficou adulta, os deuses revelaram às amazonas que Ares tinha enlouquecido e poderia usando uma fonte terrível de poder, destruir completamente a Terra. Os deuses instruíram as amazonas a escolher, por meio de um torneio interno, uma campeã que pudesse enfrentar Ares no mundo fora da Ilha Paraíso.

Diana pediu para participar do concurso, mas a mãe a proibiu. Mesmo assim, encorajada por Atena, Diana participou sem revelar sua identidade e acabou vencendo. Hipólita, para não desafiar os deuses, consentiu que sua filha fosse a escolhida para enfrentar Ares. Diana recebeu um traje com o mesmo padrão daquele usado pela guerreira que inspirou seu nome.

Hermes transportou Diana para Boston, no estado de Massachusetts, onde conheceu Julia Kapatelis, um professora de de História antiga que lhe ensinou inglês e serviu de guia na civilização ocidental moderna. Diana se apresentou como embaixadora da Ilha Paraíso para o resto da sociedade, incumbida de ensinar os princípios de paz e justiça a um mundo violento. A mídia passou a chamá-la de Mulher-Maravilha. Hoje, embora não procure combater diretamente o crime, a Princesa das amazonas já enfrentou várias ameaças engendradas por Ares.

 

(Biblioteca DC, Mulher Maravilha: Deuses e Mortais, Panini Books, publicado no Brasil em maio/2008 - encadernado)